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em sempre seguimos os nossos sonhos, nem sempre seguimos
eles com nossas próprias pernas, talvez com nossos braços, parece loucura o que estou dizendo, até entrar o
ditado trocar os pés pelas mãos, pensamos que nada de ruim vai nos acontecer,
que sacrifícios serão fáceis de encara até chegar a tona, por isso nem sempre
entender o que a vida te reserva parece ser uma coisa engenhosa, na verdade não
se entende muito a vida mais sim o fato de viver. Não sou uma louca, digo isso
por que aconteceu comigo, uma pequena coisa muda
totalmente o rumo dos seus sonhos, no meu caso foi uma enorme coisa que
transformou meu sonho em um terrível pesadelo.
Em Miami já se passavam do meio dia, estava atrasada para o
meu treino de boxe, a o boxe, minha
paixão desde pequena, nunca me imaginei brincando de Barbie com uma princesa e
sim uma heroína, que batia nas outras bonecas e até no Ken, sempre gostei de me
ver como uma garota de sexo forte, independente, que luta contra os seus medo
dentro de si mesma, não consigo expressar minhas emoções claramente, considero
isso um dom de camurflagem sentimental. Nunca me vi sonhando em ser médica,
veterinária, bailarina, sempre me deparei no Boxe, sim eu era totalmente
vidrada nele, uma tremenda criança louca, quando pequena, eu, meu pai e meu
irmão assistíamos sempre as lutas aos domingos, era o nosso horário sagrado,
pegávamos comida e nos sentávamos vendo os homens sendo golpeados reciprocamente, achava um máximo, principalmente o cinturão e as pessoas
nostálgicas gritando, me imaginava nessa exata cena e local sim esse era o meu
sonho.
O sol há mais de 30 graus, estava suando antes mesmo de
chegar na academia , acho melhor
correr um pouco, pensei comigo mesma, parei em frente a um enorme espelho
em uma loja para checar meu visual, há pessoas que falam as quais acham esse esporte
masculino demais para uma mulher, nunca
liguei pra isso, vestia uma calça cinza meio folgada, uma camisa simples preta,
minhas luvas estão penduradas na minha mochila, meu cabelo longo solto e
extremamente volumoso, foi algo de que eu sempre amei, foi meu cabelo, cacheado
com um ton meio marrom, sempre foi volumoso e desengonçado. No pés usava minha
bota de cano curto marrom velha, não pareço uma boxeadora mais gostava do meu
estilo despojado, nunca dei muito valor a moda e sim a bem estar física, o que é irônico, sempre
fui muito obcecada pelo meu corpo, fui até em terapeutas, mais como sempre eles
falaram que era besteira de adolescente, pode até ser mais que nunca fui
satisfeita com ele, apesar de ser um pouco magra e com corpo um pouco malhado por conta
do treino de boxe, não tenho ombros largos como aquelas boxeadoras
profissionais, alias sou uma amadora, ainda, sempre gosto de usar esse ainda.
Olho para o meu relógio vejo que já passava da hora de estar
na academia, Kurt vai me matar! Corro
até que enfim chego na entrada da academia.
-Kurt sinto muito...- falo ofegante.
-Sophie não adianta, e a terceira vez essa semana, como quer
ser uma profissional se não consegue nem chegar a tempo no seu treino.- Kurt
estava realmente com raiva. – Ande vá logo fazer seu aquecimento.
-Sim senhor.
Começei a golpear o heavybag, lembrei da minha primeira luta aos 15 anos,
Kurt sempre esteve do meu lado a cada luta, apesar de sempre ser extremamente
rígido comigo e não demonstrar seus sentimentos, sei quando faço algo que ele
aprove e que não, para mim ele e como um segundo pai, só que sem aqueles
abraços, presentes e beijinhos, só com lições de morais e me ensinando o
caminho certona hora da luta. Aos 27 anos foi o maior campeão de Maimi em lutas seguidas, logo após abriu sua academia para ensinar aos jovens a ser campeões, participo
dela faz 7 anos, começei aos 12 anos, ele sempre acompanhou todas as minhas
subidas e descidas no esporte, sempre me ajudou não só como treinador mais com
um segundo pai, de certa forma.
Estava ainda batendo no heavybag quando o Kurt subiu no ring para falar algo possivelmente
importante.
-Caros alunos, quero a atenção de todo – automaticamente
todos pararam e prestaram atenção no Kurt – como vocês sabem a academia seleciona
os melhores e mais resistentes boxeadores para uma seleção, onde os que
conseguirem impressionar os empresários com suas habilidades e técnicas
conseguiram patrocínios, e como também sabem é a porta chave para futuras
lutas como futuros profissionais – parou para respirar um pouco e tirar um
papel do bolso – irei mencionar os possíveis patrocínios...
Parei de fitar o Kurt e olhar para o Ben que vinha em minha
direção.
- Atrasada mais uma vez, será que ele vai engolir essa?-
fala Ben com sarcasmo na voz.
- Ele sabe que tenho um potencial melhor que o seu! - falo
friamente.
-Nossa acabei de sentir um pingo de inveja, mais “ufa” já
passou.- Fala Ben rindo da minha cara, enquanto dou um sorriso falso.
- Só você para me fazer sentir vontade de te dar uma tapa na
cara. – Dou um sorriso meio sem jeito.
Ben era um dos únicos garotos que me conhecia bem e que
começou a treinar junto comigo, era alto, corpo musculoso e moreno, com os
olhos verdes, seus olhos, sempre fiquei intimidada quando eu olhava para ele, não sou uma pessoa que demonstra sentimentos
mais com ele não tinha como, ele me decifrava, me conhecia mais do que eu a
ele, sabia o que fazer em todos os momentos, era gentil e vinha de família
rica, claro, ainda não compreendia o porque dele ainda está sendo um amador,
mais isso era o que mais me chamava a atenção nele.
-Acha que vai ser selecionada dessa vez?
-Talvez se eu trocasse de sexo seria mais fácil!
- Não fica assim, um dia você vai conseguir, como eu! – fala
Ben rindo.
- Se gracinhas por favor, nunca entendi o porque dele nunca
ter me selecionado, me dedico completamente ao boxe e parece que nunca é o
suficiente.
- Na vida nada e suficiente, não perca a esperança ele sabe
o que você e capaz, mais também possa entender que isso pode prejudicar você,
talvez não queria que nada tire o seu foco. – fala Ben me dando tapinhas no
ombro.
-Pode ser! – no mesmo momento volto a prestar atenção em
Kurt que havia terminado de fala os possíveis patrocínios.
- Agora irei mencionar os selecionados, ao chamar os nomes
quero que subam até aqui! – Kurt engoliu em seco, dava para ver que era difícil
escolher alguns de todos os seus alunos, mais infelizmente tinha de ser feito,
fechei os olhos e cruzei os dedos. – Comigo quero o Stive – era um cara branco
alto, ruivo e com espinhas – Agora o Leslei – odiava ele, um cara branco e
loiro, muito bonito, mais quase quebrei o nariz dele por insinuar que eu era
mais uma garotinha, nem sequer movimentei as mãos pra aplaudir- Comigo o Ben –
todos gritaram, ele me deu de um beijo na bochecha e subiu como se tivesse
ganhado na loteria – Agora o finalista ou a finalista... – meu
coração estava a mil, eu precisava, tinha que ser eu nesse exato momento –
Nicki – Nicki era mais velha, era alta , bastante musculosa e
loira – Todos fizeram um trabalho ótimo não desanimem, no próximo ano podem ser
vocês.
Salva de palmas eclodiram o local, logo em seguida foram
gargalhadas e gritos de felicidade, não estava nem um pouco feliz, foi como se
tudo que eu vinha lutando não serviu de nada, ainda, tive de engolir em seco a
felicidade dos outro e como sempre camuflar meus sentimentos.
- Se tivesse chegada mais cedo talvez pudesse ser você no
lugar da Nicki – falou Leslei com um sorriso que eu amaria esmurrar, saindo com
a Nicki e outros garotos.
Dei de ombros, enquanto pegava minhas coisas engolindo a
sensação de frustração.
- Então, não mereço um beijo? - falou Ben rindo para mim.
- Meus parabéns! Odeio admitir mais você mereceu. – falei
dando um soco no braço dele.
- Sei que não foi você, mais com eu te conheço não vai
deixar de lutar por isso, nem deixar aqueles babacas passarem por cima de você,
o que acha de comemorar, só você e eu?
- Que isso! Tem que sair com seus amigo.
-Você e minha amiga e quero sair com você! – ele colocou o
braço nas minhas costas e me levou a porta – Ta com fome?
- Pode ser!
Conversamos ao longo do caminho, até parar-nos para comer um
cachorro quente em um carrinho, em seguida nos escoramos em uma casa e ficamos
lado a lado.
- Seus pais vão ficar muito orgulhosos de você! – falei
mordendo o pão.
-Na verdade eles não curtem essa parada do “meu filho ser um
boxeador” eles acham que isso e coisa que uma pessoa sem estudo faria.
- Mais você pensa em terminar a faculdade?
- Na verdade sim, porque não quero apenas o boxe.- falou Ben
olhando para o seu cachorro quente – E você, soube que está trabalhando.- ele
sorriu para mim - E por isso que chega atrasada?
Dei um risadinha irônica.
- Preciso manter o apartamento e minhas coisas, não quero
sobreviver com apenas o dinheiro que minha família manda, quero o mais rápido
possível ser ...
- Independente, eu sei. – fala Ben rindo.
Dou um micro sorriso e dou de cara para aqueles olhos verde
que estão me encarando, prometi para mim mesma não namorar, ou simplesmente
beijar um garoto antes de meu sonho se realizar, namorados são uma
perda de tempo, mais o que fazer? Estamos nos olhando a 10 segundos. O silêncio
reinava, o rosto dele estava mais perto do meu do que eu pensava, tive que
virar a cabeça e olha para o cachorro quente.
- E- e - e - eles vão esfriar. – falo totalmente
gaguejando, ele ainda olhava para mim com aqueles olhos verdes e brilhantes.
O que faço, não posso
deixar ele me beijar, mais não consigo parar de olhar para ele, meu coração
estava brigando com meu cérebro, o que devia seguir o instinto ou ordem, mais
um vez eu ignorei o olhar dele.
- Eles vão realmente esfriar, Ben você escutou? – falei um
pouco irritada.
- O que foi? Não adianta parar de olhar para mim, você sabe
que eu gosto de você, porque você tem medo?
- Eu não tenho medo. – falei olhando para baixo, sim você tem medo.
- Sophie olhe para mim. – ele pegou delicadamente meu queixo
e puxou para cima.
Pela terceira vez eu olho no fundos dos olhos dele, são cada
vez mais lindos a cada vez que se vê, estava toda arrepiada, ele enrolou seu
braço direito em minha cintura puxando para si e o direito em baixo da minha
nuca, Sophie você não deve, estava
martelando em minha cabeça, Sophie você
não deve, meu corpo estava totalmente ligado ao dele, sentia o calor dele
numa noite fria, já era noite?, perdi a noção do tempo, nossos olhos estavam fechando, nossos lábios estavam se
tocando, Sophie é agora, que merda!
Nossos lábios se tocaram senti a boca macia do Ben na minha,
não consegui pensar, parecia que estávamos ali sozinhos, não em meio de uma
rua em Miami, deixei os lábios dele me guiarem, eu nunca tinha beijada antes
deixei que ele me leve com seu doce aroma, senti a terra tremer, terra tremer?
O cenário perfeito havia caído, começei a escutar gritos e
sentir luzes fortes em nossa direção, rapidamente meus lábios foram afastados
do Ben, quando olhei no final da rua haviam casa desmoronando, pessoas correndo
cheias de sangue e caindo no chão tremendo agonizando.
-Minha nossa. – fiquei paralisada com aquela cena, no céu
vinham aviões lançando pequenos objetos em forma de triângulos caindo em casas, depois de dois
segundos um som estonteante era ecoado fazendo com que a casa fosse
automaticamente destruída.
- Temos que sair daqui rápido! – Ben falou gritando, não o escutei,
minha pernas travaram, minha cabeça parou totalmente , não conseguia
raciocinar.
Ben me puxou e sair correndo com ele de cabeça abaixada, esses triângulos caiam em todos os lugares, tudo estava explodindo, pessoas estavam sendo
esmagadas pelas pedras, crianças chorando, todo tipo de gente berrando e
gemendo, queria ficar surda e não houvi nada daquilo, não sabia para onde
estávamos indo, até que bem na nossa frente havia uma casa de segundo andar que
estava caindo aos pedaços, Ben parou na mesma hora, puxei ele para o outro
lado, em questões de instantes não senti mais a mão do Ben apertando a minha,
quando olhei para trás apenas observei o cinza de uma poeira cegante.
-BEN! – eu berrava correndo tentando achar ele naquela
poeira.
Corri para o meio da poeira, estava me sentindo totalmente
cega, não vi nada, onde estava o Ben? Começei a gritar por ajuda a chorar
descontroladamente enquanto corria sem saber por onde estava, quando de
repente, bati meu rosto em algo duro, certamente corri em direção a uma casa e
acertei em cheio meu rosto na parede, a batida foi tão forte que cai no chão
meu nariz doeu como se tivesse sido quebrado, quando olhei para cima imóvel vi aviões explodindo, ao piscar de olhos pedras em minha direção, foi a ultima coisa que vi após fechas os olhos e apagar completamente.